Os Parabenos (PBs) são uma classe de PPCPs. produzidos através de uma reação de esterificação do ácido p-hidroxibenzoico, utilizando um álcool na presença de catalisador, como o ácido sulfúrico concentrado ou ácido p-toluenossulfônico. 

Alguns exemplos de estruturas moleculares dos parabenos são mostradas na figura abaixo, onde a diferença entre eles se dá apenas na substituição da cadeia lateral.

Os parabenos são conhecidos por sua ação antimicrobiana e, portanto, são amplamente utilizados como conservantes em produtos cosméticos, fármacos, bebidas e diferentes tipos de alimentos.

A grande popularidade do uso de parabenos como conservantes se dá, principalmente, devido à muitas de suas propriedades intrínsecas, como por exemplo: amplo espectro de atividade antimicrobiana, estabilidade química, boa solubilidade e facilidade de produção. 

Além disso, possuem a característica de não modificar o gosto, odor, consistência e coloração dos produtos em que são utilizados, além de serem econômicos e classificados como substâncias “geralmente consideradas seguras”, aprovadas para uso em alimentos pelo USA FDA.

Além de serem produzidos comercialmente, os parabenos podem estar presentes naturalmente nas plantas como antimicrobianos, além de serem produzidos por fermentação natural das plantas. 

Agora, vamos abordar a importância de analisar os PBs.

Os seres humanos são expostos a esses compostos pelas vias dérmica (cosméticos), oral (alimentos/medicamentos) e por inalação.

Os PBs são absorvidos no intestino, metabolizados no fígado e excretados pela urina na forma livre ou na forma de dois biomarcadores: ácido p-hidroxibenzóico e ácido p-hidroxipurúrico.

Os PBs são os compostos mais comuns do grupo de produtos químicos desreguladores endócrinos, que têm habilidade de alterar o controle das funções fisiológicas do corpo (metabolismo, sono, humor, crescimento, etc.).

Embora os parabenos possam não ser a causa direta do câncer de mama e da endometriose, eles aumentam o risco carcinogênico para mulheres expostas. Além disso:

  • Podem aumentar a proliferação de células de câncer de mama in-vitro;
  • Induzir alterações uterinas relacionadas ao estrogênio;
  • Causar alteração nos parâmetros reprodutivos de ratos machos;
  • Entre outros.

Esses efeitos são diretamente relacionados ao comprimento da cadeia alquílica. Com o aumento da cadeia, há uma maior inibição do crescimento microbiano, já que também aumenta o valor do log Kow. Maiores valores de log Kow resultam em menor solubilidade em água, isso torna os parabenos compostos de caráter lipofílico e com potencial de bioacumulação.

Como a ingestão de alimentos é considerada uma fonte diária cumulativa de parabenos, regulamentos foram estabelecidos para garantir a segurança dos consumidores. 

A esse respeito, o JECFA/OMS mostrou que uma ingestão diária aceitável (ADI, do inglês acceptable daily intake) de Metil e Etilparabeno considerada segura é de 10 mg/kg corporal/dia. 

Em 2006, o Propilparabeno foi retirado do grupo de ADI pela FAO/WHO, devido aos efeitos adversos causados em estudos com ratos e, consequentemente, em 2008, foi proibido para utilização em alimentos pela ANVISA. 

Assim, a determinação de parabenos, principalmente em alimentos, é essencial para garantir a boa saúde dos consumidores.

 

 

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